Alimentação

    Lince-ibérico, Lynx pardinus
  • Tipo de alimentação:

A dentição dos linces-ibéricos é constituída por um número bastante reduzido de dentes bastante aguçados. Estas características evidenciam a grande especialização existente nesta espécie de felídeo no que toca à dieta e à alimentação. Sendo um animal carnívoro, a sua atenção dirige-se para presas muito específicas.

O lince-ibérico encontrou na Península uma presa que se tornou, pela densidade das suas populações, a sua preferida - o coelho-bravo. Este aparece abundantemente por toda a região, e basta a captura de um coelho por dia para satisfazer as necessidades energéticas do lince. Os linces tornaram-se especialistas, e o coelho-bravo chega a representar mais de 90% da sua dieta.

Apesar de ser uma presa fácil e vantajosa em termos energéticos, ao alimentar-se quase exclusivamente de coelhos-bravos, o lince-ibérico, enquanto espécie, tornou-se muito dependente das flutuações no número de coelhos. De facto, o desaparecimento dos coelhos, devido à caça e a doenças, é uma das principais causas do desaparecimento dos linces-ibéricos.

Coelho-bravo, Oryctolagus cuniculus

Para além do coelho-bravo, o lince-ibérico alimenta-se de outras espécies, como pequenos roedores, aves passeriformes, perdizes, répteis, e até cervídeos. A percentagem da dieta dos linces ocupada por cada uma destas presas varia em função de vários factores, como a região geográfica e a altura do ano.

  • Estratégia de caça:

Ao contrário dos canídeos e outros carnívoros, o lince-ibérico não persegue as presas até à exaustão. Em vez disso, opta por uma estratégia de emboscada. Com a sua visão extremamente aguçada (“olhos de lince”) consegue detectar uma presa tão diminuta como um rato a uma distância de cerca de 75 metros. Em seguida, desliza silenciosamente pela vegetação rasteira, aproximando-se da presa sem ser detectado. O lince está naturalmente adaptado a esta tarefa, uma vez que é um ser extremamente ágil e a sua pelagem acastanhada com manchas negras confere-lhe uma extraordinária capacidade de camuflagem. Quando se aproxima o suficiente da presa, o lince salta sobre ela, com ajuda dos seus membros posteriores extremamente desenvolvidos, apanhando-a de surpresa.

Uma vez apanhada a presa, o lince-ibérico faz uso dos seus membros anteriores e agarra-a firmemente, impedindo-a de escapar. Em seguida, desfere uma dentada na região cervical, matando-a.